Revista Caras

Hepatocarcinoma forma-se mais naqueles que sofrem de cirrose

O diagnóstico e, claro, o tratamento precoce desse tumor maligno agressivo do fígado garantem a cura ou pelo menos um tempo a mais de vida. Por isso, quem faz parte do grupo de risco para o desenvolvimento da cirrose — portadores de hepatite B ou C, de esteatose hepática (gordura no fígado) ou que consomem bebidas alcoólicas em demasia — precisa ficar atento à doença.

O fígado é a usina do corpo humano: 70% do sangue passa por ele. O órgão armazena e filtra substâncias como glicose, vitaminas e sais minerais; sintetiza gorduras; produz a bile, que é importante na neutralização de toxinas nocivas ao organismo; converte amônia em ureia; entre outras funções.

O hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular (CHC) é um câncer primário, que nasceu da mutação das células do fígado, e não secundário — quando o tumor maligno começa em outro órgão e, por metástase, se espalha. É mais comum em homens acima de 50 anos (incidência três vezes mais do que em mulheres) e considerado, em todo o mundo, o sexto mais frequente na população masculina e a terceira causa de óbito por câncer. Infelizmente, mais de 60% dos pacientes descobrem a doença nos estágios mais avançados, quando os sintomas – perda de peso, pele amarelada e dores – aparecem, não sendo mais possível a realização de tratamento curativo.

Dos pacientes que desenvolvem esse tumor maligno, 95% têm cirrose hepática. Por se conhecer o principal grupo de risco, é tido como um câncer prevenível. Isso significa que quem tem cirrose deve ser acompanhado regularmente pelo seu médico e, a cada seis meses, fazer exames de ultrassom e de sangue para que, caso um tumor apareça, seja detectado no início. Importantíssimo também que toda pessoa com doença no fígado — como hepatite C ou B, esteatose hepática (gordura no fígado, comum em obesos), esteatose hepática pelo álcool — esteja ciente de que pode ter cirrose e, futuramente, hepatocarcinoma. Isso não quer dizer que todo paciente com cirrose irá desenvolver o tumor. Mas o alerta é fundamental, porque a cura depende do diagnóstico precoce. O tratamento com maior probabilidade de cura é o transplante do órgão e a lei brasileira só permite o recebimento de um fígado da lista de transplante a pacientes com nódulos de até 5 centímetros ou que tenham no máximo três nódulos com até 3 centímetros cada um. Outra opção é a retirada cirúrgica do nódulo ou nódulos, mas desde que a cirrose também esteja na fase inicial, para que não haja complicações futuras.

Há alguns tratamentos, como a ablação por radiofrequência (ondas elétricas que aumentam a temperatura do tumor) e quimioembolização hepática (nas situações intermediárias da doença), uma técnica minimamente invasiva com infusão por cateter de quimioterápicos e embolizantes (bloqueiam a passagem do sangue). Esses tratamentos evitam a progressão do tumor.

Já nos estágios avançados se faz quimioterapia oral com sorafenibe, medicamento que interfere no crescimento de alguns tipos de células de câncer e controla da doença, garantindo sobrevida.

A prevenção é a principal maneira de evitar o câncer de fígado. Para isso, é importante vacinar-se contra a hepatite B; usar sempre preservativo e não compartilhar seringas; não consumir bebida alcoólica em excesso; e, no caso do obeso, perder peso, para evitar o acúmulo de gordura no fígado.

Além dessas medidas, todas as pessoas que suspeitam que possam ter alguma doença no fígado — por exemplo, quem nasceu 1945 e 1965 e recebeu transfusão quando ainda não havia controle rígido nos bancos de sangue, ou quem faz uso de drogas injetáveis — devem fazer exame de hepatite C para, tratada desde o início, evitar a evolução para cirrose e, eventualmente, para hepatocarcinoma.

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